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ESCOLHAS DE UM TORCEDOR

Atualizado: 4 de dez. de 2023


Foto realizada por Allan Bueno


Na vida, muitas decisões são difíceis: a decisão de um trabalho, a decisão de uma viagem ou até a decisão de largar algo que você ama. A vida nos faz fazer escolhas e muitas vezes não é fácil. A vida de um torcedor também depende de escolhas. Escolher se vai para aquele jogo ou se não vai.


Alexandre Neto, de 36 anos, fez uma das decisões mais difíceis de sua vida, mas o amor pelo clube pelo qual torce desde pequeno nunca se apagou. Morador do Guarujá, ele lembra como era o início de sua jornada como jovem torcedor do Santos Futebol Clube.


Arquivo da Torcida Jovem


“Lembro de acompanhar os jogos desde criança. Minha mãe e minha tia também são torcedoras fanáticas do Santos. Essa é uma época em que o time estava numa melhor fase. Ali nasceu um amor pelo clube. Desde então, comecei a acompanhar o clube, e esse amor só foi crescendo ao longo do tempo. Minha mãe foi uma das grandes incentivadoras disso tudo. Tenho uma memória muito forte de ver minha mãe vendo jogos na TV de tubo e gritando, torcendo. São coisas que ficam marcadas. Aos poucos, ela foi me levando à Vila Belmiro”, comentou Alexandre.


Os sinalizadores chamavam a atenção de Alexandre, e o som das baterias também era um grande chamariz para ele, o incentivando cada vez mais a participar dessa festa.


“A Sangue Jovem surgiu em 2007. Eu estava saindo do ensino médio naquela época, e lembro do meu pai me levar nos ensaios, me levar nas viagens. Ninguém da minha família era membro, mas eu decidi que eu queria ser. Eu não queria fazer faculdade nem nada disso, eu queria ser só baterista da Sangue Jovem. Dali em diante, fui sendo baterista, fazendo bicos aqui e ali. Foi assim na minha vida por 15 anos.”


Com o passar do tempo, algumas decisões teriam que ser tomadas em sua vida, mas uma decisão mais difícil precisava ser tomada. Ao ver pessoas ao seu redor tendo uma vida, se formando e gerando família, algumas coisas não faziam mais sentido. Em 2015, o Santos passou por uma reformulação no clube que gerou debates e um período de grandes brigas com a diretoria do clube, deixando Alexandre um pouco desanimado.


Arquivo Pessoal


“Quando cheguei aos meus 30 anos, fiquei em dúvida se era realmente isso que queria fazer, se era exatamente isso que queria viver. Quando a torcida começou a se meter com a política do clube, mudou um pouco a minha visão sobre a torcida organizada. A festa é linda, o ambiente é muito bom, mas faltava realmente ter um trabalho. Ver meus amigos se formando e ver minha filha crescendo, percebi que ali não tinha o sentido de estar. Parecia que era mais uma coisa de criança, de jovem, em vez de ser uma coisa de adulto na minha vida. Quando o Santos não estava numa boa fase, fui a um protesto contra a diretoria e percebi que não era mais aquilo que eu acreditava. Não era mais aquela festa que vivia, era mais um centro de política, um debate, em vez de realmente torcer e fazer aquilo para o qual estávamos ali.”


Hoje como psicólogo em São Paulo, a vida continua. Alexandre tocou sua vida para frente.Ainda sendo apaixonado pelo Santos Futebol Clube,ele enfatiza o que realmente importa para sua vida atualmente.


Arquivo Pessoal


“Hoje, tive que recriar minha vida. Sou formado em psicologia, tenho uma filha de 10 anos, sou casado, e vivo para elas. O Santos ainda é muito forte no meu coração. Não deixo de ir aos jogos, mesmo que hoje não estejamos numa melhor fase. Continuo torcendo para o clube que me acolheu, mas na torcida organizada, viver aquilo que vivia, está bem longe disso voltar a acontecer”, comentou Alexandre Neto.

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