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NÃO SOMOS MARGINAIS

Atualizado: 5 de dez. de 2023

As torcidas organizadas têm um papel fundamental no apoio aos clubes de futebol do Brasil. A violência, infelizmente, faz parte desse universo, e muitos torcedores são marginalizados pela opinião pública.


Arquivo da torcida


Para Alexandre Albino, responsável pela subsede na Baixada Santista da Dragões da Real, "o que é mostrado nas ruas não é o que realmente representa nosso dia a dia". Mas a generalização acaba sendo injusta. O preconceito existe; Albino relata o que algumas pessoas pensam das organizadas: "Os caras acham que a gente é tudo vagabundo, eu pelo menos trabalho pra caramba, sou motorista de ônibus". Além de ter integrantes em outras profissões. É necessário compreender que muitos torcedores são trabalhadores, estudantes, pais de família que são apaixonados pelo clube e buscam apenas fazer uma grande festa nos estádios.


Em São Paulo, desde 2016, os clássicos entre os quatro grandes clubes do estado são realizados com torcida única. A medida, de acordo com o Ministério Público, tem surtido efeito e contribui para diminuir os confrontos entre torcedores. Em relação às medidas das autoridades, Alexandre entende que apreender os patrimônios, como faixas, bandeirões e instrumentos, não serve para nada e completa: "O causador do problema estará lá de qualquer jeito. É preciso punir as pessoas envolvidas e não toda a torcida".


Na questão da violência e como lidam com o tema, o responsável pela Dragões da Real na Baixada Santista, Alexandre afirma: "Essa parte é o nosso maior problema. Todos acham que nós só fazemos isso, quando na verdade isso nos prejudica de verdade." E lamenta a forma como a imprensa aborda as matérias sobre as organizadas; muitas vezes, são retratados de uma forma generalizada, focando apenas nos aspectos negativos. "Isso prejudica a imagem e não mostra o trabalho social e o apoio que oferecemos ao clube."


As torcidas organizadas também são sinônimo de solidariedade. A Dragões da Real da Baixada Santista realiza diversas ações sociais, principalmente na comunidade onde a subsede está localizada. São feitas inúmeras atividades como distribuição de presentes no Dia das Crianças, cestas básicas e, durante a pandemia, foram entregues marmitas.



A Dragões da Real tem grandes expectativas, e Alexandre explica os planos futuros da torcida: "Nossas expectativas são de continuar apoiando o clube, fortalecendo nossa presença nas arquibancadas e buscando maior representatividade dentro do São Paulo Futebol Clube." E a meta é passarmos a ser reconhecidos não apenas como torcedores apaixonados, mas também como agentes de transformação social.



Entrevista:


Como você se envolveu com a torcida organizada? O que te motivou a se tornar um membro?

R: Sempre ia escondido do meu pai, até que quando eu vi já era um membro da organizada. A motivação foi aquela padronização na arquibancada e os gritos de guerra!


Quais são as principais atividades e responsabilidades de um membro da torcida organizada?

R: Se for um sócio comum sem cargo, ele tem o dever de manter a padronização na arquibancada, cantar até o final dos 90 minutos, em pé, apoiando sempre o São Paulo Futebol Clube. Agora, se for diretoria, cada um tem uma tarefa, como distribuição de ingressos, venda de material, cuidar do patrimônio dentro do estádio, bateria e tudo que envolve a festa na arquibancada!


Como a torcida organizada contribui para o apoio ao time durante os jogos?

R: A torcida apoia o SPFC do começo ao fim, deixando críticas e vaias para as pessoas que não gostam de torcida organizada!


Além do apoio nas arquibancadas, quais outras ações a torcida organizada realizam em prol do clube ou da comunidade?

R: Sempre estamos envolvidos em ações sociais, principalmente na comunidade onde a subsede está localizada. Realizamos atividades como distribuição de presentes no Dia das Crianças, distribuição de cestas básicas e, durante a pandemia, distribuição de marmitas. Também fazemos vaquinhas para ajudar famílias que estão passando por dificuldades.


Como você descreveria a relação entre a torcida organizada e o clube? Existe uma parceria ou colaboração oficial?

R: Existe um apoio de uma minoria, pois a maioria dentro do clube tem preconceito com os membros das torcidas. Sobre o atual candidato à presidência do clube, Newton Ferreira, acredito que ele é um inútil que acha que para o São Paulo estar bem, basta ter uma boa churrasqueira e uma piscina quente, enquanto o futebol do tricolor fica em segundo plano. A burguesia fede!


Como a torcida organizada se organiza internamente? Existem líderes ou uma estrutura hierárquica?

R: Sim, se não houver organização, vira bagunça. Nossa torcida tem presidente e vice-presidente, e todas as subsedes têm seu responsável, que repassa tudo para a sede em São Paulo.


Qual é a importância da torcida organizada para você e para o clube?

R: Nós somos o coração do estádio. Estamos presentes na chuva ou no sol, na derrota ou na vitória. Somos nós!


Como a torcida organizada se posiciona politicamente em relação ao clube? Ela busca influenciar nas decisões administrativas ou políticas do time?

R: Atualmente, a Dragões está trabalhando para ter dois conselheiros dentro do clube. Será difícil, mas estamos na luta!


Como você lida com os estereótipos e preconceitos associados às torcidas organizadas?

R: Precisamos fazer as pessoas conhecerem primeiro como funciona para depois criticar, porque quem fala mal nunca fez parte de uma torcida e não sabe tudo que uma organizada representa.


Quais são os principais desafios enfrentados pela torcida organizada atualmente?

R: Na minha opinião, o maior desafio é lidar com os donos do estádio, a Polícia Militar. Parece que eles se irritam com a nossa festa!


Como lidam com as questões da violência?

R: Essa parte é o nosso maior problema. Todos acham que nós só fazemos isso, quando na verdade isso nos prejudica de verdade.


Existem ações para inibir, reduzir ou combater a violência?

R: Sim, em dias de jogos contra times rivais, alertamos a todos para evitarem a região. O uso de materiais também é muito importante para a prevenção.


O que você pensa sobre as medidas das autoridades em relação à violência envolvendo as organizadas? Elas têm efeito positivo ou negativo?

R: Tirar um patrimônio, como faixas, bandeirões e instrumentos, não serve para nada. O causador do problema estará lá de qualquer jeito. É preciso punir as pessoas envolvidas e não toda a torcida. Em alguns casos, a polícia faz um circo desnecessário em jogos de irmãos de arquibancada, prejudicando a todos.


Vocês acham que a forma como a imprensa aborda as matérias sobre as organizadas prejudica a imagem?

R: Sim, muitas vezes a imprensa generaliza e estigmatiza as torcidas organizadas, focando apenas nos aspectos negativos. Isso prejudica a imagem e não mostra o trabalho social e o apoio que oferecemos ao clube.


Quais são as expectativas e planos futuros da torcida organizada?

R: Nossas expectativas são continuar apoiando o clube, fortalecendo nossa presença nas arquibancadas e buscando maior representatividade dentro do São Paulo Futebol Clube. Queremos ser reconhecidos não apenas como torcedores apaixonados, mas também como agentes de transformação social.

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